Entre as muitas influências trazidas por nossas origens, as particularidades que pontuam a estrutura e o tom da pele talvez sejam as que mais fortemente afirmam nossa identidade.

Quando usado no contexto da dermatologia, o termo “etnia” também se refere aos diferentes fatores ambientais e culturais que influem na saúde e aparência da pele. Por isso usamos o termo peles étnicas.

Nossas constantes atualizações e estudos sobre o assunto demonstraram que a estrutura e os problemas cutâneos variam de acordo com o grupo étnico. O que, por sua vez, também influi no modo de tratar a pele – seja na cosmiatria ou na dermatologia clínica –, e na natureza dos produtos que devemos usar.

Adoramos esse tema aqui na Clínica Luciana Maluf, e temos muita satisfação que o tratamento de peles étnicas seja uma de nossas especialidades. É muito estimulante poder pesquisar e encontrar soluções que se adaptem a cada necessidade e desejo de nossos pacientes – seja qual for o tipo ou tom da pele.

E queremos compartilhar um pouco desse conhecimento com vocês. Por isso reunimos aqui algumas informações importantes (e interessantes!) sobre a estrutura, as características e o “funcionamento” dos diversos tipos e tons de pele que encontramos no Brasil – um país que, após 518 anos de miscigenação, apresenta uma escala de cores da pele com 144 tonalidades diferentes (segundo dados do Censo). De acordo com o levantamento, metade dos brasileiros tem o que se pode chamar de uma “cor mista”.

Bem-vindos ao fascinante mundo das peles étnicas. E saiba sobre mitos e verdades da beleza étnica aqui.

Tudo começa com a pigmentação

A cor da nossa de pele é determinada pela densidade e a distribuição de melanina, pigmento produzido pelos melanócitos, células específicas para esse fim e que agem na camada basal da epiderme. Essa melanina atravessa outras células na camada basal, dando origem à pigmentação cutânea.

Todos os grupos étnicos têm um número similar desses melanócitos na pele. O que muda é o nível de atividade dessas células, em combinação com o modo como elas integram e se agrupam.  Destas diferenças resultam as distintas tonalidades.

As etnias e o estado da pele

Embora muitas reações e condições da pele sejam compartilhadas por todos grupos étnicos, cada etnia pode ter um impacto diferente numa escala de ordem – ou seja, determinado grupo étnico está mais inclinado a apresentar determinada condição ou reação. Conheça algumas dessas particularidades:

Fotoproteção – No que toca à exposição aos raios UV, a pele branca é mais afetada, por queimar com facilidade e sem conseguir se bronzear. Já as peles mais escuras têm maior proteção natural contra os raios UV – com um fator médio protetor de aproximadamente 13, em comparação com 3 na pele branca.

Mas é importante ressaltar: a fotoproteção é imprescindível para todos! O câncer de pele, uma das decorrências mais graves da falta de proteção, é menos predominante em peles mais escuras. No entanto, estudos realizados nos Estados Unidos sugerem que quando o problema é descoberto nessas peles, são maiores as chances de ele estar num estágio mais avançado.

Distúrbios de pigmentação – Eles também podem ocorrer em todos os tipos de pele. Porém, são mais comuns em indivíduos de origem asiática, hispânica ou africana. Doenças inflamatórias comuns, como a dermatite atópica ou acne podem causar mudanças na pigmentação em peles mais escuras.

Essas também são mais propensas às hiperpigmentações pós-inflamatórias, causadas por uma superprodução de melanina e que se manifesta na forma de manchas mais escuras que a pele, após a acne ou a dermatite atópica.

Manchas de idade – Causadas também pelo sol, elas são mais visíveis nas peles das pessoas de raça branca e asiática do que nas de pele mais escura.

Melasma – É uma forma de hiperpigmentação que aparece no rosto – geralmente nas bochechas, nariz, testa e buço –, mas que também pode surgir em outras partes do corpo expostas ao sol, como os antebraços. É semelhante em aparência às manchas de idade, mas as áreas afetadas são maiores. É mais comum entre pessoas com pele escura, latinas e asiáticas.

Irritação e inflamação – Quando a barreira natural da pele é alterada, sua função protetora fica comprometida e particularmente propensa a irritação e infecção. A pele infeccionada pode se inflamar quando as células imunes se movem tentando reparar a barreira danificada e curar a infecção. Apesar deste processo ser o mesmo para todos os tipos de pele, algumas pesquisas indicam que a pele escura é a menos reativa a irritação; a pele hispânica é mais resistente que a pele branca; e a pele asiática é mais sensível a irritações.

As etnias e o envelhecimento da pele

As diferenças de estrutura da pele dos vários grupos étnicos também impactam na forma como a pele envelhece. Trata-se, claro, de um processo natural dos seres vivos – e que ocorre em todos os tipos de pele. Mas seus sinais podem variar de acordo com a etnia.

Em peles escuras, esses sinais aparecem com menor gravidade, assim como se tornam perceptíveis um pouco mais tarde. Isso acontece porque essas peles contêm mais melanina, sendo são mais protegidas de raios U.V. – além de uma distribuição e quantidade de colágeno peculiares na pele.

A natureza desses sinais também muda de acordo com o tom de pele. Nas mais pálidas, o envelhecimento aparece na forma de linhas finas e rugas; já nas peles escuras, ele se manifesta como sulcos profundos, principalmente nas dobras da região nasal e labial.

Cuidado para as peles de diferentes grupos étnicos

A pele é nossa primeira linha de defesa contra influências externas – como irritantes, bactérias e vírus. Quando saudável, ela mantém o equilíbrio de fluidos no nosso corpo e ajuda a regular a temperatura corporal. Além de fatores psicológicos, que fazem da pele um indicador mais visível de nossa saúde e atrelam a condição da pele à nossa sensação de autoconfiança.

Por isso, os cuidados, tratamentos e indicações, tanto no consultório quanto em casa, devem respeitar o tipo de pele de cada um – e, dentro disso, o seu estado. As orientações básicas para cuidar da saúde e da beleza da pele são as mesmas para todos os tipos e tons. No entanto, no momento de abordar problemas ou queixas específicas, a experiência do dermatologista em tratamentos para peles étnicas faz toda a diferença.

Conheça algumas delas – mas lembre-se de que nada substitui uma consulta ao seu dermatologista para descobrir o que melhor combina com você. É possível saber mais também no conteúdo que produzimos sobre os tratamentos certos para cada tom de pele.

Peles clara rosada, morena rosada e oriental rosada – São ótimas indicações peelings, a técnica combinada microagulhamento + drug delivery, a radiofrequência e o ultrassom microfocado (que estimula o colágeno mais profundo). Para peles claras, o laser de CO2 também tem indicação precisa, mas deve ser usado com muito cuidado nas peles morenas e orientais.

Peles morena amarelada e oriental amarelada – Reagem bem à prescrição de peelings, microagulhamento, radiofrequência, luz intensa pulsada e o laser fracionado não ablativo 1064nm (usado para diminuir os vasinhos da face e estimular o colágeno superficial).

Peles morena escura/bronzeada, oriental bronzeada ou mestiça – É possível indicar peelings de ácido salicílico, retinoico e glicólico, e o laser fracionado não ablativo 1064nm (que também ajuda no controle da oleosidade e no tratamento de poros dilatados). Mas cuidado com o bronzeado, pois pode manchar. O ideal seria esperar a coloração voltar ao seu natural para realizar esses tipos de tratamentos.

Peles negras (amareladas ou mais escuras) – Os resultados são excelentes com o uso de cremes clareadores (no sentido de tratar ou amenizar manchas), lasers e microagulhamento, desde que usados corretamente e com atenção.

Os injetáveis – toxina botulínica, preenchedores e bioestimuladores de colágeno podem ser usados em todas as etnias. Saiba mais sobre a aplicação de toxina botulínica, sobre preenchedores e sobre o segredo para um preenchimento perfeito nos lábios.

E não deixe de conferir a matéria que fizemos sobre as características, cuidados e tratamentos para cabelos crespos e cacheados.