Para a maioria das mulheres, aplicar hidratante duas vezes por dia no rosto é algo tão natural e automático quanto escovar os dentes. Inclusive, o ritual de beleza das mulheres orientais, que já mostramos aqui, nos leva a acreditar que tonificar e hidratar é o ritual essencial para manter a pele brilhante e adiar o aparecimento da temidas rugas. Mas isso pode não ser uma coisa exatamente boa…

De acordo com a empresa de beleza La Roche-Posay, 70% das mulheres dizem ter pele seca e sensível. Na paralela desse fato, há uma epidemia de acne adulta, com 44% das mulheres supostamente sofrendo com espinhas e cravos. E é aí que alguns dermatologistas europeus defendem que estes dados não são apenas uma coincidência: eles alegam que hidratantes podem ser um “traidor” silencioso e um importante contribuinte para doenças de pele. Polêmico?

A dermatologista inglesa Dra. Rachael Eckel afirma que os hidratantes levam ao acúmulo de células mortas na superfície da pele, ressecamento, poros dilatados, acne e sensibilidade e que “apenas 15% das pessoas realmente precisa de um hidratante”, aquelas que têm pele seca geneticamente, tendem a não ter poros visíveis e têm a pele do corpo também seca, com condições como eczema ou descamação. O resto da população teria a pele normal, e não precisaria de hidratantes de forma constante.

Hidratantes são geralmente uma mistura de água e emolientes, como minerais e óleos vegetais, que impedem a água de evaporar da pele – além de umectantes, que atraem a água das camadas inferiores para a superfície. Por mais que eles nos façam a sentir a pele úmida e aliviem a coceira e sensação de ressecamento, segunda a Dra. Rachael Eckel, na realidade, eles podem deixar a pele ‘preguiçosa’, ou seja, menos capaz de hidratar-se sozinha. Isto significa que precisaríamos de ainda mais hidratante para aliviar a secura, criando um ciclo vicioso e de difícil manutenção!

Enquanto muitas mulheres apelam para hidratantes cada vez mais densos para aliviar essa sensação, muitas delas teriam alívio com uma esfoliação, tirando o acúmulo de células mortas e estimulando a hidratação natural.

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É a água a responsável pelo brilho e aspecto de humidade da pele. Nós armazenamos  água em níveis inferiores da pele, em estruturas esponjosas, chamadas  glicosaminoglicanas (GAGs). Esta água é selado na pele pelas barreiras externas algo  como uma “parede” de água, gorduras e proteínas que mantém as células hidratadas.  Além disso, a camada superior da nossa pele produz o fator natural de hidratação  (NMFs) – formado por aminoácidos, ureia e ácido láctico. Estes mantêm a pele macia,  protegem da luz UV e mantém a barreira da pele e regular esfoliação natural. A teoria  alega que se saturarmos a superfície da pele com umidade “artificial”, esta enviaria um  sinal para as células pararem de produzir GAGs e NMFS. Ou seja, teríamos que apelar  cada vez mais para produtos cosméticos, “sabotando” o poder natural de regeneração  da nossa pele.

Alguns tratamentos como peelings e microagulhamento, por exemplo, devolvem o poder de regeneração e hidratação natural da pele, e o segundo ainda estimula a produção de colágeno. Eles seriam uma ótima alternativa para peles já “viciadas”, caso esta teoria seja de fato comprovada. Mas a lição que fica é: qualquer produto, em excesso, pode ser danoso para o equilíbrio tanto da pele quanto do corpo. Por isso, a recomendação constante é, sempre, procurar um médico de confiança que ofereça um diagnóstico completo e tratamento específico para o seu caso. O acompanhamento, para devidas alterações “de rota”, também é ideal.